sábado, 19 de fevereiro de 2011

Memorial da Resistência


Eu estava vendo uma palestra no Fórum Mundial de Educação, realizado em 2004 no Anhembi quando ouvi essa história pela primeira vez. Não me lembro do nome do palestrante, mas suas palavras nunca mais me deixaram. Foram mais ou menos assim.

Eu estava lá quando Frei Tito havia sido preso. Eu me lembro do policial que o interrogara dando uma dura nele. Era possível ouvir seus gritos e lamurias da cela onde nós estávamos. Quando o chefe da carceragem chegou querendo dar uma lição de moral em Tito. ‘Como o senhor, um homem de Deus, um padre, pode tentar o suicídio? Mais do que todos os outros você sabe que suicídio é um pecado grave. ’ Em uma breve pausa e um respirar profundo, ele responde ‘Não estava tentando tirar minha vida por não agüentar a dor. Estava tentando tirar minha vida por temer pela vida de meus companheiros. Pois se eu perder a lucidez durante esse martírio e disser seus nomes, eu sei que eles vão morrer aqui nesse lugar.

Era com a voz sofrida e digna que o palestrante contava sobre esses fatos de um passado que não podíamos deixar de lado. Lembro que o próprio Frei Beto se encontrava na mesa dos palestrantes e a emoção contagiava.

Visitar o memorial da resistência recria grande parte dessas emoções e sensações. Antigo local de prisão do DEOPS durante a ditadura militar na década de 60 (e também pelas torturas sofridas por centenas de pessoas que lutaram bravamente contra o regime militar), hoje o espaço abriga uma exposição sobre os anos de chumbo da política brasileira, com direito a palestras e debates que contam à história que muitos tentam calar.

Parada obrigatória para todos que hoje podem expressar livremente suas idéias sem terem medo de ser presos pelas coisas que acreditam.

Memorial da Resistência de São Paulo
Largo General Osório, 66 – Luz


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