domingo, 14 de novembro de 2010

O Imaginário da República

Para comemorar o 15 de novembro, resolvi falar um pouco de um dos livros que eu mais gosto.

Quando entrei em minha primeira graduação, tive dificuldades em organizar aquilo que se tornara um dilema para mim. Quase três realidades básicas e distintas: As coisas que eu gostava de ler, aquilo que eu conseguia ler e aquilo que eu precisava ler. Eram três esferas muito próximas, porém não conseguia uni-las da forma que eu gostaria ou que era necessário.

Depois de algumas tentativas frustrantes, comecei a pensar que historiadores não conseguiam escrever de uma forma cativante, uma forma que levasse seus leitores a acompanhá-los em prazerosas jornadas a um passado desconhecido. Os altos níveis de erudição não permitiam que pessoas mais simplórias como eu pudessem ter um entendimento claro dos assuntos que ali estavam sendo tratados. Li muitos textos acadêmicos porque sabia que eram importantes, mas a compreensão, a profundidade dos teores e sabores contidos me escapavam mais do que eu queria.

Começava a acreditar que só jornalistas conseguiam escrever bons textos sobre história, apesar de saber que na maioria das vezes jornalistas não sabem nada de História.

Foi quando no meio de uma matéria da graduação com a professora Esmeralda Blanco que ela, na simpatia e no brilhantismo que lhe sempre foram naturais, indicou para ler a obra do professor José Murilo de Carvalho “A Formação das Almas – O imaginário da República no Brasil.” 

 

Foi um alívio e uma alegria ler esse e outros livros desse autor. Em uma linguagem clara, sem perder a erudição, ele demonstra todo o esforço de construção da imagem dessa Nova República, as ideologias e motivações que se intercalavam na busca da construção de seus símbolos, tentando eleger novos heróis que justificassem aos olhos do povo a legitimidade do novo regime. Esse é um daqueles livros que quando você menos espera ele acaba. E você fica pedindo por mais.

Quem tiver a chance, leia. Vale a pena.

O vídeo foi feito na época da graduação para a apresentação de um trabalho e servia para tentar analisar a forma como a imagem de Tiradentes havia sido construída, sempre aproximando sua figura a de Jesus Cristo.

Curtam a música.

Um comentário: