domingo, 24 de outubro de 2010

100 anos da revolta da Chibata



O que é um herói? Como se define as grandezas necessárias para se chamar alguém de herói? Quais os pesos e medidas cabíveis para se qualificar a nobreza dos atos de um homem?

Daqui algumas semanas nós iremos comemorar os 100 anos da Revolta da Chibata ocorrida no Rio de Janeiro, de 22 à 27 de novembro de 1910. Um marco na defesa dos direitos humanos, marco na luta pela melhoria das condições sociais, principalmente das populações negras em seu período (e em alguns casos infelizmente até hoje), marco na luta contra a violência e a tortura.

E principalmente, um marco para entendermos os mecanismos criados pelas diversas instituições públicas para relegar o nome de João Candido Felisberto à zona de esquecimento da Historiografia brasileira.

A construção ideológica dos nossos símbolos nacionais sempre obedeceu às necessidades e os interesses das elites que governaram o país no decorrer de sua história.

A imagem do bandeirante no período colonial, desbravador, branco, português, responsável pela exploração e interiorização do território nacional. Dom Pedro I, como pai da independência do Brasil durante o período do Império e posteriormente a imagem de Tiradentes no nascimento da República. Ambos como heróis da independência, mas em momentos diferenciados, pois o discurso de poder passava por alterações e a sua representatividade necessitava de uma reconfiguração para que a população se reconhecesse nessas instituições. Todas essas três figuras históricas (Bandeirantes, D. Pedro I e Tiradentes) foram construídas mais no campo do imaginário do que baseados na realidade.

Ao contrario dos heróis do imaginário, João Candido era uma figura real. Uma figura que representava a maior parte da população brasileira de sua época. Negro, ex-escravo, pobre, que via na marinha um meio de vida e de formação do caráter do homem.

Pensando nessas tentativas de se apagar a memória de João Candido, lembro da música “Mestre sala dos mares” de Aldir Blanc e João Bosco que teve a letra adulterada durante a ditadura pois fazia referências diretas ao “Almirante Negro” como havia sido chamado na época e a própria Revolta.
Fica abaixo o vídeo com a interpretação de Elis Regina de “Mestre Sala dos Mares”. E um momento de reflexão sobre a face desse verdadeiro herói da nação.



Se você quiser saber mais sobre João Candido, Clique aqui.

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